sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Matias

Oi, meu nome é Matias e estou aqui para falar um pouquinho da minha vida. Quando eu era criança, tinha três coisas que eu tinha certeza de que eu era: feio, burro e chato, e eu, com esses meus incríveis atributos, resolvi me apaixonar pela coisinha mais tchutchuquinha da escola, a Flavinha, coisa mais linda de Deus, menina mais linda de do universo da minha vida da minha escola.

Para mim era óbvio que eu, nas condições de chato, feio e burro, não tinha nenhuma condição com a Flavinha e não é que a vida conseguiu me provar que eu estava redondamente certo? Ok, confesso que na época (estamos falando aqui da 5ª série) a minha abordagem com as meninas não era das melhores, e até hoje não é nenhuma maravilha, mas pô, não custava nada ela dá uma chance, ou custava?

Inconformado com essa situação, eu percebi que eu teria que mudar pra conquistar aquela mulher, e que para tanto, eu tinha de trabalhar melhor esses meus três atributos marcantes, daí peguei e pensei: putz, sou feio, como faço pra melhorar isso? Então como um relâmpago, a resposta me atingiu em cheio: Nada, já era, sou feio, num dá pra mudar isso, tanto é que hoje em dia isso nem é mais um problema pra mim, não, eu não fiquei mais bonito, eu apenas fiquei mais conformado. Moral da história: continuei sendo feio.

Aí eu passei para o atributo seguinte: chato, era um moleque chato, daqueles que falava que iam pagar a conta quando alguém sentava na cabeceira da mesa, ou que corrigia quando de madrugada alguém falava “to ferrado, amanhã eu tenho que acordar cedo” – prontamente vinha a liçãozinha: amanhã não, hoje, né?! Aí eu pensei, “e aí, como que eu viro uma pessoa mais legal?! E eu concluí o seguinte: NADA, é isso, nada, afinal, essa era a minha personalidade, simplesmente não dava pra deixar de ser chato, eu era (e ainda sou um pouco) assim, simples, fato consumado, próximo.

Mas se tinha algo que eu poderia mudar era a minha burrice, resolvi que estudaria, prestaria a atenção nas aulas, assistiria mais Discovery Channel e menos Malhação, aprenderia a jogar xadrez, enfim, eu iria aprender passar a fazer essas coisas todas que as pessoas inteligentes fazem.

Velho, nem precisou muito pra eu notar a diferença, logo de início, quando eu comecei a levar meu caderno pra escola já foi uma baita de uma mudança, quando eu passei a levar pra escola e copiar o que era passado no quadro, então nem se fala.

Progressivamente o meu desempenho na escola passou a melhorar, passei a entender as notícias nos tele-jornais e eu adotei um ritmo de leitura, chegou num momento em que eu lia mais de 15 livros por ano, e não era só Harry Potter e coisas do gênero, Platão, Machado de Assis, Dostoievski e mais uns outros tantos passaram pelo meu rol de leitura.

Sei que no final das contas, quando eu vi, já estava dentro da UnB, não precisei passar por cursinhos preparatórios de pré-vestibular e logo em seguida já estava estagiando. Acabou que o estágio foi a ponte para eu ser efetivado na empresa.

Ah, sabe aquela menina lá do início da minha história, a Flavinha, coisinha mais linda de Deus?... Então, eu nem peguei ela, quando eu cheguei junto ela disse que eu era nerd demais.

domingo, 26 de junho de 2011

Green Label

Estava em uma festa da formatura do meu primo. Ele estava se formando na AFA, não, eu não estou falando da seleção argentina de futebol, mas sim da Academia de Força Aérea. Sim, ele vai ser piloto, vai ganhar dinheiro pra fazer aquilo que fazemos nos nossos video-games.

Mas esse não é o ponto, o que eu ia dizendo era que eu estava na festa de formatura do meu primo, e lá tinha um público bastante heterogêneo, basicamente composto por nós civís, que eramos convidados dos formandos, os militares e alguns dos maiores picas das galáxias da aeronautica brasileira.

Perambulava pela festa atrás de um copo de caipiroska quando vi um tremendo de um fanfarrão andando pra cima e pra baixo, desfilando com sua garrafa de Green Label. Nesse momento, meus lábios só podem ter secado me dando uma danada duma seede, pois imediatamente eu estava lambendo os beiços, e fiquei também com uma invejinha do cara, mas deve ter sido uma invejinha e uma sede bem pequena, quase imperceptível, pois eu não fiz nada, não fiz nada além de chegar no cara e pedir uma dose pra ele.

Eis que prontamente o fanfarrão respondeu:
- Meu amigo, essa bebida, da qual você pede uma dose, custou mais de 300,00 reais, você sabia disso?

Não pude deixar barato, então respondi na lata:
- É claro que eu sei que essa garrafa custou mais de 300,00 reais, por isso que eu estou pedindo uma dose, se ela custasse 30,00 eu não pedia, eu comprava uma pra mim, oras.

O rapáz ficou pasmo com a resposta que eu dei, gostou tanto que eu acabei ganhando uma generosa duma dose. E vou te contar viu, tava bão!